O HTML5 acabou. O que virá agora?

openweb

Reproduzo artigo sobre a #OpenWeb que achei bastante interessante, com os devidos créditos.

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A nova web é sensorial. Parece irresponsável afirmar, mas é que ela vai muito além dos clamores que resultaram no HTML5. O HTML5 deu todo o valor semântico que a web poderia almejar. E assim vai continuar acrescentando novos vocabulários e taxonomias nas versões 5.1, 5.2 e posteriores. A web, em suas diferentes versões, é simplesmente um vernáculo padronizado, o famoso “Web Standard” pelo qual eu e tantos outros lutamos por anos e anos a fio. É o reflexo do esforço de milhares de desenvolvedores para criar um padrão aberto universal. Mas a nova web, a open web, a plataforma aberta da web – essa sim tem um potencial revolucionário que nenhuma outra tecnologia da informação criou desde o início da era digital.

Karen Myers, Bussiness Developement Officer da W3C, comparou essa “era da web” com a época renascentista. Mas que comparação espetacular! Porque o que vivemos nas artes, na Europa daquela época, é semelhante à revolução cultural que a Open Web está causando. O ponto é: a Open Web não introduziu algo novo – áudio, vídeo, animação, redes, sensores etc – tudo isso já existia há muito tempo, porém em tecnologias fechadas e isoladas.  Temos 50 anos de algoritmos absolutamente testados e eficazes para resolver todo tipo de problemas. Tudo que está sendo feito com web podia ser feito com Java, Flash ou C#. A diferença está no conceito de “aberto”. Ser aberta faz a web especial; essa é sua qualidade primordial.

E isso permitiu que em apenas três anos partíssemos de experimentos modestos com semântica, áudio, vídeo e animações – quase motivos de piada – a poder controlar umdrone através de uma interface web, como fez Daniel Filho no 7Masters de JavaScript.

A nova web é a web da era pós-dispositivos, é a web ubíqua. Entende-la é pensar nela como a tecnologia de interface homem-máquina mais leve e simples de se aprender que já foi desenvolvida. E parte do seu sucesso está no fato de que qualquer cidadão com boa vontade e um equipamento regular pode começar a fazer seus próprios programas sem ter que gastar nada para isso.

O que tenho observado é que essa característica da Open Web, juntamente com um pensamento de desenvolvimento colaborativo herdado da comunidade Open Source, tem acelerado de uma maneira estonteante seu progresso. Um exemplo: em outubro de 2011, a API GetUserMedia, que capta imagens da webcam, era apenas incipiente e experimental. Quatro meses depois, foi publicado no blog Soudstep um aplicativo de detecção de movimento via webcam que acionava um xilofone virtual (veja em https://ow.ly/pXDT8).  A velocidade com a qual as pessoas montam os quebra-cabeças, como diz o Zeno Rocha, é o que tem dado esse ritmo alucinante a esse progresso.

E sendo assim, observando um pouco do que está sendo desenvolvido, as tendências do mercado e as submissões aos grupos de estudo ao W3C, podemos afirmar que a nova web é absolutamente sensorial.

Uma web ubíqua, tangível e orgânica

Basta dar uma olhada rápida no Device APIs Working Group do W3C para notar que o caminho que a web está tomando está muito longe do browser.  há APIs para sensores de proximidade, luzes ambientes, pressão atmosférica, umidade, temperatura, nível de bateria e vibração.

Esse não é o tipo que coisa que se esperava da web como linguagem de marcação e descrição de documentos hierárquicos. Mas isso é o que se espera quando as enginesde renderização se tornam a grande máquina virtual universal. A interface comum entre o ser humano e os dispositivos digitais. E, quando falamos de dispositivos digitais, estamos falando de uma época em que nos aproximamos do tempo no qual os computadores serão impressos, costurados, dobrados, fundidos, descartáveis: a época do hardware como commodity. Você já sabe o que é isso. Você vive isso toda vez que troca de smartphone e quer que todos os seus contatos e aplicativos migrem com o mínimo de esforço e sejam capaz de oferecer exatamente a mesma experiência no novo dispositivo. Não importa o dispositivo, o que importa é a experiência.

E então, com a web nas roupas, nos copos de café, no dinheiro, nos preservativos, no batom, na caixa de leite, no “pack” de cerveja, você vai interagir de forma tão natural que não vai perceber que existe tecnologia ali. Você vai falar com os objetos, obter respostas. Mas sem apego. São objetos comuns, algo longe do culto ao dispositivo que existe hoje.

Já notamos uma grande tendência de adoção de interfaces baseadas em web por diversos players: Gnome Shell, Windows 8, ChromeOS, WebOS e o escancarado Firefox OS. Aliás, posso ser irresponsável ao afirmar que a grande tendência hoje são sistemas baseados em GNU e com toda a camada de interação em Open Web. Hoje, com um Raspberry Pi ou Arduino e um pouco de boa vontade, você tem uma ferramenta muito poderosa nas mãos. E isso se somando à web faz as possibilidades tenderem ao infinito.

Já com o advento do grafeno e de outros materiais, notamos uma convergência de diferentes empresas em direção à web ubíqua. Google, Microsoft e Samsung compartilham uma visão de futuro em que as pessoas interagem com seus dispositivos de uma maneira absolutamente sensorial e orgânica. É até difícil identificar nos seus vídeos-conceito o que é um gadget, pois são objeto comuns do cotidiano. Não acredito que três das maiores empresas de tecnologia da atualidade apostariam o dinheiro de seus acionistas em visões tão semelhantes sem algum embasamento científico ou econômico. Ou seja: elas sabem que é uma questão de tempo. E nós sabemos, pelos movimentos que cada uma tem feito na luta pelos padrões dentro do W3C, que tudo caminha para um único padrão de interface: esse padrão é a Open Web.

E quem vai construir isso tudo?

O profissional da Open Web não é mais um front-end isolado. A Open Web exige soluções globais, exige diálogo e multidisciplinaridade. A nova web é uma web que combina UX, ciência da informação e ciência da computação. Já é complexo hoje, na era da Web Semântica, estar em projetos em que os profissionais de arquitetura da informação, UX, back-end e front-end não dialogam. Todos devem estar na mesma mesa, os preconceitos e as divisões devem cair por terra, pois as grandes soluções serão baseadas em uma grande experiência de usuário, somada à sustentabilidade de um projeto ágil.

Como resultado: um produto de alto desempenho, responsivo e acessível.  Essas são as premissas da nova web. As iniciativas de concreto, as fábricas de softwares, os projetos imutáveis caem por terra. Agora, seremos todos crianças brincando com Lego, argila e massa de modelar.

 

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